15 diciembre, 2009

Livro resgata histórias de crianças presas com os pais durante a ditadura

Autor(es): FERNANDA ODILLA
Folha de S. Paulo - 08/12/2009

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA André, 3, e Priscila, 2, foram parar atrás das grades com a mãe no dia da promulgação do AI-5, sigla que entrou para a história como o ato institucional que escancarou a ditadura no Brasil, em 13 de dezembro de 1968.
Depois, viveram clandestinos até 1976, sem saber ao certo o que estava acontecendo no país -e na família- ou mesmo o nome verdadeiro dos pais. Os dois, 41 anos depois, se transformaram em personagens do livro "História de Meninas e Meninos Marcados pela Ditadura", que será lançado hoje pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência.
O livro traz a história de oito militantes presos com os filhos, dois adolescentes ativistas presos e torturados, quatro crianças sequestradas por militares, uma órfã criada por esquerdistas e dez jovens assassinados a sangue frio ou após sessão de tortura durante a ditadura (1964-1985). Ao menos três deles integram o governo Lula.
Um deles é André Arantes, 44, diretor de esportes de base e alto rendimento do Ministério do Esporte, preso com a irmã Priscila e a mãe, Maria Auxiliadora.
Apesar de não ter lembranças dos quatro meses que ficou encarcerado, ele se recorda do dia em que descobriu que o pai, Aldo, usava o nome falso de Roberto.
Foi só a partir daí, e da prisão do pai um ano depois, que Arantes começou a entender que os pais militavam na resistência. "Tudo esclarecido, você começa a lidar com a história de ser filho de um preso político", diz.
Outro personagem é Laerte Meliga (subsecretário de Planejamento do Ministério da Fazenda), que completou 18 anos na clandestinidade e, pouco depois, foi preso.
As marcas da violência na prisão e dos três anos e nove meses de encarceramento permaneceram.
"Tortura é um processo absolutamente traumático, mas também marcou muito a solidariedade da cadeia", afirma.

No hay comentarios:

Publicar un comentario